quarta-feira, 19 de maio de 2010

Brasil: 111º no ranking da participação feminina na política


Eu estava analisando informações sobre a mulher no mercado de trabalho e na representação política, enviadas pelo professor José Eustáquio Diniz Alves, do Ence/IBGE. Ele fala que, entre outras coisas, o dia 8 de março serve para discutir o déficit democrático, quer dizer, a pouca participação feminina nos parlamentos e ministérios.
E tem um dado chocante: quando se pega o percentual de homens e mulheres no parlamento, o país que tem o primeiro lugar é Ruanda, com 50%. Alguns dizem que é porque há desequilíbrio, já que muitos homens morrem nas guerras. Depois, em segundo lugar, vem a Suécia, com 46% e, em seguida, a África do Sul (44%).
Sabe qual é o lugar do Brasil? O país está na 111ª posição! Na Câmara dos Deputados, a participação é de 9%. A Argentina – nossa colega aqui do lado, que tem outro modelo de eleições baseado em listas – ocupa o 11º lugar.
E o que explica isso? O professor fez uma pesquisa perguntando o principal fator que mostra o sucesso em uma eleição para deputado federal. E o que mais explicava era o fato de já estar no cargo, ou seja, a reeleição. Isso acaba criando um círculo vicioso: já que são os homens que dominam a política, eles continuarão dominando.
A cota de 30%, feita para mulheres, era assim: você tem que fazer uma reserva de vagas, mas não necessariamente preenchê-la. Agora, a lei mudou para essa eleição. Às vezes, processos eleitorais vão eternizando essa barreira à mulher, mas o Brasil está muito mal na foto.
Também estava lendo a revista britânica “The Economist”. A reportagem de capa fala do “generocídio” que acontece nos países asiáticos. Muitas famílias preferem filhos meninos e abortam ou matam as filhas depois do nascimento. E esses dados aparecem nas estatísticas: normalmente, deixada a natureza com ela é, há um número um pouco maior de meninos do que de meninas.
Mas na China, por exemplo, no ano 2000, para cada 120 meninos existiam 100 meninas, o que mostra alguma interferência. E a revista faz uma reflexão interessante, porque isso está causando outros tipos de problemas na idade adulta, como o rapto de mulheres e crimes derivados desse desequilíbrio na população.
A “The Economist” aponta ainda outras coisas que levam a isso, como a política de apenas um filho por casal, o preconceito, leis que não favorecem a filha mulher – em alguns países, elas não têm direito a herança – e a ideia de que o homem garantirá o futuro dos pais, quando velhos.

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